A Lavanderia surpreende em sua simplicidade e astúcia

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Com o despretensioso título de A Lavanderia, Steven Sordenberg traz uma versão quase teatral do que seria o escândalo envolvendo os Panama Papers, dezenas de milhões de documentos vazados em 2016, oriundos de uma firma de advogados no Panamá que teria a gestão de mais de 200 mil empresas do tipo offshore, veículo favorito para investimentos fraudulentos em paraísos fiscais. 

Como a questão da fraude é extremamente complexa, o filme quebra a quarta barreira e faz uso dos atores Antonio Bandeiras e Gary Oldman, os advogados em questão, como narradores, do início ao fim, explicando a evolução financeira e depois como funciona uma offshore, em um tipo de narrativa condescendente utilizada em A Grande Aposta. 

Condescendente mas necessária, diga-se de passagem. E segue a linha de uma explicação global para depois resgatar um incidente local, segurado de forma fraudulenta por uma dessas empresas de fachada, para mostrar a trajetória de uma dona de casa aposentada, Meryl Streep, em busca de respostas e da indenização devida pelo acidente em questão. 

Simples de entender, mas confuso de explicar, A Lavanderia mostra como cada país tem seu escândalo do tipo lava-jato, que não por acaso conversa com os Panamá Papers no final do filme, e acaba por ajudar a mostrar uma crítica bem desenvolvida de vários países tidos como bastiões da moralidade. Uma boa chance de ver um Steven Sordenbergh fazendo o cinema que mais gosta, autoral e sincero, usando atores que parecem estar engajados na crítica e ao mesmo tempo se divertindo com a oportunidade, sem se poupar a autocrítica (quando as offshores são explicadas, é dito que o Diretor por exemplo tem 5 e o roteirista, 1). 

Filme com cara de documentário, boas atuações e uma narrativa precisa fazem de A Lavanderia um filme que chega de mansinho e dá um tapa na cara de quem assiste. Pela quebra da quarta barreira, quase que literalmente.