Os telespectadores que estão acompanhando a novela O Rei do Gado, no Vale a Pena Ver de Novo, estão tendo a oportunidade de desfrutar de um dos melhores trabalhos de Benedito Ruy Barbosa. O autor, no entanto, viveu um grande dilema na época da exibição original da trama e chegou a receber uma ameaça de morte, por conta de um personagem e de todo o seu núcleo.
Em O Rei do Gado, Benedito Ruy Barbosa se deparou com uma questão delicada ao abordar a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Apesar do grande sucesso da trama, ele não estava preparado para a magnitude dos problemas que enfrentaria com esse tema. O autor recebeu inúmeras cartas com reclamação de latifundiários e até mesmo perdeu a voz ao ser questionado sobre o assunto.
Boni também não gostou nada do núcleo dos sem-terra
O núcleo que representava os integrantes do MST, principalmente através do personagem Regino (interpretado por Jackson Antunes), recebeu críticas e até mesmo uma ameaça de morte em uma das cartas enviadas ao autor. O diretor José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, conhecido como Boni, também não ficou satisfeito quando cenas envolvendo os integrantes do MST começaram a ser exibidas na novela.
Benedito Ruy Barbosa mencionou, em uma entrevista ao livro “Biografia da Televisão Brasileira”, que Boni ligou para ele enfurecido, por ter incluído os sem-terra na trama. Boni queria saber o motivo dessa informação não estar presente na sinopse. Apesar disso, concordaram em abordar o tema com cautela.
Autor quase se arrependeu
Sabendo que estava mexendo com pólvora, Benedito Ruy Barbosa expressou sua insatisfação com a representação dos sem-terra em sua trama. Em uma entrevista ao Jornal do Brasil, ele revelou que não estava contente com a forma como o assunto estava sendo abordado na novela; e afirmou que o resultado estava bem longe do que ele esperava.
A maior parte das cartas que o autor recebia era de latifundiários que eram totalmente contra a representação dos sem-terra em O Rei do Gado. Benedito disse, na época, que não chegou a se arrepender de ter tocado no tema, pois ele conseguiu trazer o assunto à tona e humanizar a figura dos sem-terra.