É de conhecimento público que a figura do Papai Noel foi moldada por uma companhia de refrigerantes muitas décadas atrás, inclusive exportando para a carismática figura suas cores vermelho e branco, conferindo assim uma identidade visual ao mito de São Nicolau. Em vista disso, porque não adaptar o Papai Noel à era heroica que impera nos cinemas?
Esse é o conceito explorado pelas Crônicas de Natal, novo filme da Netflix para aproveitar os feriados natalinos. Verdade seja dita que os Guardiões, animação da Dreamworks, já havia explorado o tema de conferir poderes ao Papai Noel e Coelho da Páscoa, mas o conceito é novo para um filme em live action. Diante dessa nova proposta, Kurt Russel acabou sendo uma acertada escolha, após seu papel nos Guardiões da Galáxia da Marvel. Vigoroso, determinado e com uma obsessão fit (sempre chamando de gorducho os cartazes clássicos), Russel entrega um Papai Noel adaptado às novas gerações, em uma clara atualização do mito: seu trenó mais parece um batmóvel, os duendes lembram muito os minions e até mesmo sua forma de entregar presentes se dá através de poderes com cara dos mutantes da Marvel. Essa repaginação certamente confere uma interessante oxigenada nos filmes natalinos, fugindo de mais do mesmo.
Já o enredo não consegue ser tão criativo. Duas crianças, envolvidas em problemas, acabam por prejudicar a entrega dos presentes, metendo o Papai Noel em grandes confusões – inclusive indo parar na cadeia, em um divertidíssimo desenrolar dos fatos que acaba em uma empolgada jam session, fugindo das tradicionais cantorias natalinas: Noel mais parece um Elvis, ou um Jhonny Cash do que um padre. Ponto pros roteiristas.
Em resumo, um filme fácil de assistir e gostoso de ser visto em família, sem grandes pretensões. Leve, divertido e interessante, certamente é uma das melhores apostas para grandes e pequenos neste natal, lembrando os grandes clássicos natalinos do passado, com o espírito natalino mantido, mas com um belo toque de modernidade.