A confusão entre a Rede Globo, maior canal de televisão do país, e o presidente Jair Bolsonaro segue apresentando novos capítulos diariamente. A relação nada amigável entre as duas partes está rendendo prejuízos de ordem econômica para a emissora de Roberto Marinho.
Fontes do mercado publicitário e do próprio governo apontam o enorme rombo que a emissora está tendo desde a transição presidencial. Com menos campanhas publicitárias vindas de Brasília, a Rede Globo deve arrecadar entre R$ 150 milhões e R$ 170 milhões este ano. O valor é consideravelmente menor ao registrado no ano passado, o qual chegou na casa dos R$ 400 milhões.
O valor só não foi menor pois antes da posse de Jair Bolsonaro o Banco do Brasil havia fechado um patrocínio com a emissora para publicidades no jornal Bom Dia Brasil e no programa de empreendedorismo Pequenas Empresas & Grandes Negócios. A quantia injetada pelo banco representa sozinha quase a metade de tudo o que o governo irá destinar para a Rede Globo, cerca de R$ 79 milhões.
Troca de farpas
Após uma série de denúncias feitas pela Rede Globo contra Jair Bolsonaro, o presidente respondeu. Ele se defendeu de todos os ataques, e classificou a situação entre a emissora e o dinheiro vindo das campanhas publicitárias do governo como uma “mamata“. Em resposta, o canal alega que nunca dependeu de verba pública para operar. De acordo com o jornal Poder360, o Grupo Globo recebeu entre 2010 e 2016 cerca de 10,2 bilhões de dinheiro público.
Secom muda estratégias técnicas
A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), que controla a destinação de verbas públicas para publicidade, mudou as suas estratégias de operação. Até então, o dinheiro era direcionado de acordo com o tamanho da emissora. Hoje, o órgão afirma que a alocação dos recursos públicos é feito sob critério técnico, e o governo vem omitindo os dados relativos.
Só no ano passado, de acordo com fontes obtidas pelo portal Notícias da TV, do UOL, a Rede Globo ficou com cerca de 50% dos R$ 800 milhões vindos do governo para propagandas, contra 20% da Record e 10% do SBT.