Alguns terrores rompem a barreira do tempo e voltam de forma cíclica para assustar novas gerações, e sem dúvida o quase sobrenatural Michael Meyers é um desses.
Assassino serial sem remorsos nem grandes motivações, Meyers, criação de John Carpenter, foi uma das primeiras representações no cinema ocidental de uma maldade sem motivo nem motivação, tendo assassinado sua irmã com apenas 6 anos de idade e sido internado em seguida. Fugindo, persegue a irmã mais nova, eternizada na atriz Jamie Lee Curtis, que retorna ao papel que a consagrou.
O filme tem por mérito o foco no monstro, ou melhor, na monstruosidade, que tal qual um vírus, se espalha e contamina determinados indivíduos a ela predispostos. Tal qual como moscas atraídas para a luz, a maldade tem sua sedução, e o buraco negro que é Meyers claramente tem uma força muito grande, de modo que mesmo passado 40 anos, ainda existem pessoas dispostas a tentar desvendar seu mistério, e com isso aumentam ainda mais sua mística. Isso sem falar nas vítimas, simbolizadas na irmã, que criou filha e neta sob a sombra do monstro que nunca se dispersou.
Acaba aí a parte interessante do filme. Personagens fracos colocados em destaque tiram o mérito dos bons personagens e atores, fazendo com que os sustos e o terror, que 40 anos atrás eram intenso e concentrado, se dispersem como um veneno diluído em muita água. Mal há sustos e arrepios, tendo mais destaque os furos no roteiro, que vão desde as medidas protetivas como a sobrenatural resistência do vilão. Talvez se tudo for interpretado de forma simbólica, o prejuízo fica menor, mas dificilmente é um filme que honra seu antecessor.