Polêmico e poético, Bernardo Bertolucci faleceu aos 77 anos em sua casa em Roma no dia 26 de Novembro de 2018. Apontado como vítima de uma longa doença, provavelmente câncer, a causa da morte ainda não vem sendo divulgada.
Muitos lembrarão de Bertolucci pela incansável polêmica do filme Último Tango em Paris, durante o qual, junto com o ator Marlon Brando e sem ciência da atriz Marie Schneider, foi pensada e executada uma forte cena de abuso não consentido, a qual gerou a proibição do filme em muitos países. Segundo ele, a ideia era obter uma reação genuína da atriz.
Contudo, Bertolucci era muito mais que um cientista louco. Iniciou a carreira como roteirista, tendo trabalhado com Sergio Leone em Era um Vez no Oeste, contudo sua fama somente se consolidou no mundo com o que é considerado sua obra prima, O Último Imperador, com o qual ganhou o Oscar de melhor diretor, único de um italiano até sua morte.
Dono de um estilo singular e de obras com forte vertente política, poética e sensual, é tido como tendo herdado essas características da sua formação. Filho de um poeta com uma professora, começou seu caminho nas artes escrevendo poesia, e depois migrou para o cinema, até por influência do pai, que era amigo do diretor Pier Paolo Pasolini, com quem chegou a trabalhar por um tempo, tendo debutado nas grandes telas já com 21 anos.
Ainda que tenha entrado para a história por grandes filmes, como O Último Imperador, e grandes polêmicas como O Último Tango em Paris, muitos ficarão marcados pela linguagem poética única que apresentava em sua narrativa, como no inesquecível Beleza Roubada, com Liv Tyler, ou no carismático Pequeno Buda, com Keanu Reeves, para não mencionar o despertar da inocência e da exultação da filosofia e da sensualidade com o belíssimo Os Sonhadores. Bravissimo, Maestro.