Muitos viam com desdém um Spin-off derivado da franquia de Velozes e Furiosos, especialmente considerando que a principal origem do derivado foi uma briga entre o elenco principal, capitaneado por Vin Diesel, contra o grandão The Rock. Como Vin é o nome maior e protagonista da franquia, sobrou ao sempre carismático Johnson explorar seu personagem em outras bandas.
Em Hobbs e Shaw, The Rock e Jason Statham voltam aos seus papeís que, respectivamente, nomeiam o longa, e são convocados para tentar achar um tecno-terrorista aprimorado protagonizado por Idris Elba, que busca obter um vírus de última geração que foi parar nas mãos da agência Mi6, em especial da agente interpretada por Vanessa Kirby.
O enredo parece meio genérico e, em verdade, é. Mas isso facilita a compreensão e rápido mergulho no filme, especialmente porque os dois protagonistas já são velhos conhecidos do público – e não precisam de história de origem. Na verdade, esse é o primeiro grande trunfo do longa: a simplificação de um enredo já conhecido, com personagens com que o público está familiarizado a ponto de permitir que o filme já vá logo ao que interessa.
O segundo grande ponto do filme é seu casting: todos atores funcionam extremamente bem, como se estivessem se divertindo no papel. Também pudera: The Rock faz ele mesmo, assim como Statham lembra o motorista de Carga Explosiva. Vanessa Kirby está muito bem como agente que não deve nada aos dois, sendo que um interessante elenco de apoio traz ainda Ryan Reynolds canastrão como sempre, Helen Mirren adorável como de costume; e a surpresa de ver Kevin Hart retomando a parceria com The Rock, podendo eventualmente fazer um bico em algum dos outros filmes da franquia. Isso para não falar de Idris Elba, tão bom em todas suas atuações, que deixa dúvida ser melhor como O Pistoleiro, Heimdall ou agora como o vilão Brixthon.
A direção, conduzida com maestria por Daivid Leitch, mostra uma tarefa fácil para quem já fez filmes como Deadpool, Legado Bourne, John Wick, Atômica e V de Vingança, deixando espaço para os protagonistas atuarem como produtores: isso traz o estilo britânico de Statham, com a afetividade que marca muitos papéis do brutamontes The Rock, resgatando sempre que pode sua origem Samoana.
De forma impressionante, essa mistura que parece uma culinária bizarra, dá certo, em um filme de ritmo perfeito, atuações deliciosas, excelentes cenas de ação que lembram tudo menos Velozes e Furiosos: Transformers, Missão Impossível, Um Espião e Meio, Carga Explosiva, Moana, e por ai vai.
O que tinha tudo para ser um caça-níquel, é entretenimento de primeira grandeza, leve, fácil de se levar, despretensiosa por não se levar muito a sério, com pitadas de romance na medida certa, ação bem humorada, ritmo frenético e muita, mas muita diversão, se tornando mais que uma série derivada, uma verdadeira esperança de oxigenar uma história que já alcançou a maioridade e dava mostras de evidente esgotamento de fórmula e cansaço. Golaço inesperado.