Jessica Jones surpreende ao encerrar a trajetória dos Defensores com a melhor temporada

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A expectativa não era das melhores, afinal a terceira e última temporada de Jessica Jones foi anunciada após a formalização do fim da parceria Marvel/Netflix, e o esperado era uma temporada sem muita exposição, nem muito risco. Essa percepção não poderia estar mais longe da realidade. Jéssica Jones, em sua terceira temporada, introduz personagens interessantes, muito mais esféricos do que óbvios, lidando com o conceito de equilíbrio, quebrado pelos “supers”, e a ética e moral como sendo um direcionador de comportamento para quem sabe do erro alheio, e as consequências da escolha, sejam elas quais forem. Esse subtexto incluído na narrativa principal traz uma densidade e uma camada que certamente ninguém esperava. Não nessa altura do campeonato, pelo menos.

Mais interessante que isso é que, com Krysten Ritter à frente da direção em alguns episódios (além de protagonizar a série), deu a chance de se trabalharem determinados personagens sob novas visões, sem se perder a identidade estabelecida. O que era para ser uma temporada morna e sem vida, acabou se tornando a melhor das últimas temporadas dos Defensores, de longe o melhor de JJ e uma série noir, muito mais próxima do Demolidor do que inicialmente era. É tão orgânica a temporada que ela tangencia os tratados de Sokovia sem citá-los, mostrando que tudo faz parte de um mesmo universo muito mais complexo e de grandes camadas.

Destaque para as interpretações dos atores que encarnam os coadjuvantes Jeryn, Trish e Malcom. Todos eles passam por transformações, fruto do desenvolvimento de suas histórias desde a primeira temporada, bem aprofundadas e escoradas na história principal de um assassino psicopata que acaba interferindo na vida de todos eles. Confrontados com as próprias escolhas diante de um destino irônico e sem piedade, as decisões dos personagens coadjuvantes moldam o transcorrer e o final da temporada e da série de forma realista, adulta e longe de um final de contos de fadas.

Uma temporada sobre escolhas e prioridades, em uma amarga realidade na qual dificilmente se consegue ter tudo que se queria, ou mesmo planejava. Jessica Jones amadurece, e ainda que não seja uma temporada caracterizada pela diversão, é intensa e muito bem feita, e deixa claro que o bloco dos Defensores tinha muito mais a oferecer, e que a Disney+ tem nas mãos um grande produto a ser explorado, e como desejam os fãs, integrado na fase 4 do seu universo cinematográfico.